"Em Belém, onde a chuva nunca dorme e o tempo esconde segredos em cada esquina, existe um lugar onde o passado resiste. O antigo canal da Visconde de Souza Franco guarda mais do que água escura — guarda almas. Eu sou Derik, e neste episódio vamos atravessar a névoa do tempo para conhecer uma vigília que nunca terminou. Prepare o café... e apague as luzes."
Madrugada úmida. Ernesto, recém-contratado como vigia, inicia sua primeira ronda no Reduto. Não conhece os boatos. Não teme as histórias.Até que:
Ernesto segue o som até a margem. Ali, sob o reflexo da lanterna, vê sombras se contorcendo como se a água lembrasse.
Ela flutua. Véus pálidos ao redor. Os olhos cobertos por um pano vermelho. A voz, um sussurro firme: — “Devolve o que tiraram…”Ernesto recua, mas não há mais chão. O Igarapé borbulha. Braços surgem. Rostos sem paz o encaram. Os cabanos...E então, silêncio. Ernesto some. Sua lanterna é encontrada pela manhã, pulsando como se tentasse alertar.
"Se um dia, numa madrugada de sexta-feira, você passar pelo canal e ouvir uma melodia triste no ar... não se aproxime. Porque ela ainda espera. E quem escuta... nunca volta. Essa foi a Última Vigília no Igarapé das Almas. Até o próximo Café com Derik. E lembre-se: silêncio demais pode ser chamado."